Monday, February 20, 2012

Visita do Presidente da República - Discurso do Presidente da Pró Praia

DISCURSO DE BOAS-VINDAS DO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PRÓ PRAIA, DR. ALCIDES OLIVEIRA, POR OCASIÃO DA VISITA DE SUA EXCELÊNCIA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA À SEDE DA PRÓ PRAIA.

Senhor Presidente da República

Senhor Presidente da Câmara Municipal da Praia

Senhora Presidente da Assembleia Municipal da Praia

Senhores Vereadores

Senhores Deputados Municipais

Distinta Delegação Presidencial

Senhor Presidente da Assembleia-geral da Pró-Praia

Caros Praienses,

Caros colegas e amigos

Minhas Senhoras e Meus Senhores

Temos a honra de dar as boas-vindas a Vossa Excelência à esta humilde sede da nossa Associação Pró Praia e assegurar-lhe que a inclusão desta visita na agenda da jornada presidencial à Cidade da Praia muito nos reconforta e nos satisfaz. Vossa Excelência dá uma clara mensagem, aquela que às vezes se esqueça, no exclusivismo da política partidária, que as soluções precisam da Cidadania e que as mudanças não se fazem sem a Sociedade Civil.

Praia, a cidade que nos une – no dizer de um ex-autarca, abre-se para receber afectuosamente quantos a demandem, seja para nela viver, trabalhar, fazer negócios, educar os seus filhos ou simplesmente para actividades de lazer. É, sem sombra de dúvidas, o maior e o mais importante centro populacional do país, com uma dinâmica inconfundível de crescimento e desenvolvimento.

Praia precisa efectivamente de mais Cidadania e de mais Sociedade Civil, e Vossa Excelência, Mais Alto Magistrado da Nação e Presidente de Todos os Cabo-verdianos, mas também morador ilustre e munícipe de honra desta cidade, sabe como ninguém o estatuto e o papel da Praia enquanto capital da República de Cabo Verde e da Nação Cabo-verdiana. Tal função política faz com que ela seja a sede dos poderes políticos democraticamente instalados, a anfitriã do Corpo Diplomático acreditado no país, sede da Diocese e a sala de visitas do Estado de Cabo Verde.

Tão grande responsabilidade fez com que, em 1999, a Constituição da República tivesse outorgado à Capital um Estatuto Administrativo Especial, a ser desenvolvido em lei ordinária. Não escaparia ao menos atento a preocupação dos constituintes em dotar a Capital de uma ferramenta que lhe permitisse cumprir a sua missão com o mínimo de constrangimentos. Infelizmente, passados mais de 12 anos, o referido Estatuto não conseguiu ainda ser aprovado.

E Não resta dúvida que muitas questões ficariam resolvidas e muitas respostas seriam dadas com a aplicação efectiva do Estatuto Administrativo Especial para a Cidade da Praia.

E quando, apesar disso, um executivo consegue os resultados que este conseguiu em um mandato, merece ser cumprimentado. Mas ser cumprimentado por ter cumprido com a sua obrigação, ainda que de uma forma digna dos maiores encómios, não significa que se deva dormir à sombra da bananeira. Como disse, e muito bem, S. E o Presidente da República, foi feita muita coisa, mas há ainda muito por fazer.

O quadro ambiental da Cidade da Praia clama por cuidados especiais e, quiçá, intensivos. O muito que já foi feito é ainda insuficiente.

O sistema de distribuição de água potável nos bairros periféricos é insatisfatório, com soluções de continuidade inaceitáveis.

A correcção torrencial avançou muito, mas há ainda alagamentos indesejáveis e que prejudicam a performance da cidade em dias chuvosos. É não é aceitável que o centro histórico da Capital, o Plateau, mantenha poças de água dias depois das chuvas, ficando a sua drenagem a cargo da evaporação. As gavetas de escoamento das águas pluviais do Plateau podem e devem ser objecto de verificação prévia para que a cidade não viva as situações a que nos vimos referindo. Afinal, estamos falando do mais bem concebido bairro da Capital e onde a imagem de marca deste executivo está bem vincada.

Como disse Sua Excelência o senhor Presidente da República, na sessão solene de boas vindas, seja qual for a equipa que assumir o Município da Capital, na sequência das próximas eleições de Junho próximo, ela terá de tomar sobre os ombros a tarefa ingente de trabalhar a questão ambiental; a distribuição da água potável; a cooperação na luta contra a insegurança; a questão da iluminação pública; a fiscalização dos logradouros públicos; e a continuação do programa de drenagem das águas pluviais.

Vai ser preciso devolver aos praienses o seu MERCADO ABASTECEDOR.

Os praienses vão querer, também, o prometido Matadouro Municipal, moderno, capaz de garantir altos níveis de higiene no abate do gado.

A ribeira de Lém Ferreira, lugar de passagem dos turistas de Cruzeiros, precisa ser higienizado e devolvido á população local e aos cidadãos da Praia, em geral.

O Conselho Municipal de Concertação e Estratégia para o Desenvolvimento da Cidade precisa voltar a funcionar. A Praia não pode ser objecto de governo à vista. Precisa de instrumentos, de entre os quais se destaca o planeamento estratégico, com participação e engajamento de todos. Não poderemos falar de mudanças de fundo que se impõem se não implementarmos uma nova política urbana, centrada na qualidade de vida e no bem-estar social das pessoas, diferente do cinzentismo dos bairros e da precariedade rural, cada vez mais crescente e evidente, que abraçam e apertam a cidade da Praia de Santa Maria

E a PAZ, a SEGURANÇA e o EMPREGO precisam voltar a assentar arraiais na região Metropolitana da Grande Praia, cuja advento auguramos para breve.

Senhor Presidente,

Apreciamos vivamente a iniciativa presidencial de contactar as populações e de auscultar in loco as demandas, as preocupações e as expectativas das pessoas. Esta «presidência aberta» não só lhe permite uma visão clara do país real, como lhe empresta elementos para ajuizar e gizar sobre o quanto falta fazer, providenciar e propiciar. Em verdade, Vossa Excelência faz jus a um dos papéis mais relevantes do Presidente da República, que é o de Provedor da Cidadania.

Auguramos que a jornada de Vossa Excelência à Cidade da Praia nos permita efectivamente resgatar a esperança e despoletar a adormecida ambição dos praienses por uma cidade criativa, moderna e competitiva. A Associação Pró Praia, não tendo cariz política, mas não abrindo mão da sua condição de elemento útil da sociedade civil organizada, se posiciona como parceira activa das autoridades no referente ao reflectir, debater e projectar a Praia e ao buscar «melhores condições», materiais e imateriais, sociais, económicas, políticas, culturais, desportivas e outras para as população desta importante malha urbana.

Por isso, rogamos a Vossa Excelência a contar connosco, porque já contamos com Vossa Excelência no olharmos juntos a Praia, aliás no cuidarmos juntos esta capital, afinal cidade de todos os Cabo-verdianos.

Muito obrigado!


Saturday, February 18, 2012

Presidente da República visita a Pró Praia



O Presidente da Républica, Jorge Carlos Fonseca, visitou a Sede da Pró Praia e foi recebido pelo Presidente da Associação Alcides de Oliveira.

Uma visita histórica para a vida da Pró Praia, que aproveitou mais vez para por na agenda as questões consideradas fundamentais para o desenvolvimento da Cidade da Praia.

Esta visita à Pró Praia enquadra-se numa programação oficial de visitas a entidades, instituições e bairros da Cidade da Praia que o Presidente da Républica tem feito em conjunto com o Presidente da Câmara Municipal.

O momento marcante e emocionante da visita acontece quando o Presidente da República "pede a permissão" para ler o poema de sua autoria dedicado à Cidade da Praia.

Veja o discurso do Presidente da Pró Praia.

Thursday, February 16, 2012

Pró Praia vai receber a visita do Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca

A Associação para o Desenvolvimento da Praia – PROPRAIA tem a honra de anuciar a visita da S.E. Presidente da República, Dr. Jorge Carlos Fonseca, Magistrado da Nação, à sua sede, no próximo dia 18 de Feverreiro de 2012, pelas 11 horas.
Trata-se de um facto inédito, já que nos anais da nossa história, longa de 10 anos, nunca havíamos tido tão sublime distinção.

Aproveitando essa nobre ocasião, a associação PROPRAIA tem na agenda assuntos de extrema importância para apresentar e para os quais espera apoio da Sua Excelencia Presidente da república, no quadro da sua magistratura de influência e perto dos cidadãos.

Nomeadamente: a aprovação do Estatuto Administrativo Especial, enquanto ferramenta que permitisse a Praia cumprir a sua missão de capital do país com o mínimo de constrangimentos; a PAZ, a SEGURANÇA e o EMPREGO que precisam uma abordagem bem diferente; o quadro ambiental da Cidade da Praia que clama por cuidados especiais e, quiçá, intensivos; o sistema de distribuição de água potável nos bairros periféricos; a correcção torrencial; a luta contra a insegurança; a questão da iluminação pública; etc., cuja advento auguramos para breve.

Portanto, uma visita de honra e cortesia, em que a a voz da cidadania se sente enaltecida e encorajada. A PROPRAIA muito estima essa iniciativa.

Esta Capital merece!

Wednesday, February 1, 2012

À Cidade da Praia - Poema de Jorge Carlos Fonseca

À Cidade da Praia

Cidade minha, obsessão muito dolorida,
quem alguma vez te romanceou,
quem espreitou,
de alguma varanda escondida,
os seios coniformes e desprevenidos
de tuas caníngicas (de cana e esfinge) mulheres ?

Quem, até hoje, te escreveu poema que näo fosse
chato, desolado ou ranhoso?!
(Lembras-te de "Câ nhôs djobem di pâ baxu"?)

Onde se esconde o teu Ferreri, em que labirinto se deixou de ver o teu Kafka, cidade minha apetecida?
Estão a dar cabo de ti! Mas quero ser eu o único a dar cabo de ti!
Quero ser o teu rei, o teu súbdito, o teu amante, o teu poeta,
quero ser eu a cidade (tu), toda a cidade.

Dizem que não mereces umas Las Hurdes?!
Acham os teus inimigos que nunca terás um Ulysses ou uma Sistina?!
Onde está o teu Garbarek, onde está a tua Vera Zasulich, cidade minha, capital que vais ser
do império que aí vem?
Ri dos imperadores que te querem dar, tu que já tiveste
e celebraste Patchitcha, Fernando Jorge, Baíno, Valente, Grilo, Tútú, Antoninho Baratêro, Cócó di Gigante, Nezinho Brasileiro e Lindos Melhas!
Hei-de construir , para os teus heróis, os mortos e os vivos, pirâmides, castelos damasquinados, e erguer, em nome deles, catedrais, estádios e universidades reluzentes.

Onde fica o teu sexo? Qual é o teu sexo?!
Serei o teu amor singular, quero ser eu apenas a seduzir-te,
a violar-te, docemente, diariamente,
minha cidade, minha capital suficientemente leviana,
de vez em quando discreta prostituta na arte e nos sonhos.

Quero-te só para mim,
o peito alto e descoberto,
os cabelos de mar, soltos e bravios,
entrelaçados a sal e vinagre,
a vagina célere, insubmissa e com os dentes de fora, arreganhados. Uma vagina que aloje a América, toda a Guang Dong, Paris, as avenidas de Kuala Lampur, Ou Mun, para näo falar dessas capitais LP.
Uma vagina, cidade amada,
que, finalmente, junte di Nhâ Reinalda a Brubeck,
vagabundo orgasmo a gigantesco lava-loiças, onde dançaräo
cisnes dourados e peixes vermelhos ao ritmo de rag time.
(Mas deixa que te diga: nunca hei-de aceitar que teus detractores, afinal, ingratos pastores de tuas águas e veias, te chamem vagina navegável!)

Apesar das traições, grandes e pequenas (quem näo trai, a final?) ; apesar de teu mitigado pundonor quando,
soberba e de olhar fulminante,
ofereces o suave e rápido encanto de tuas partes mais íntimas, farei de teu útero um palácio visigótico, ou, se quiseres, árabe ou judio, com átrios gigantescos, centenas de corredores e jardins de orquídeas, guardado por um exército permanente e fardado a rigor.

Onde está o teu Picasso? Onde está a tua Guernica?!
As pedras de tuas ruas não têm musgo?
Afinal, lembras-te de alguma vez te chamarem grande capital, cidade eterna ou varanda de qualquer continente?!

Serei eu a dar-te os jovens que mereces, e não essas múmias, essa cachupa requentadíssima que te servem por aí.
Mereces meter essa gente toda no bolso. Que é Montreux comparado com a tua Gamboa?

Que seria do mundo sem ti, tu o Artista, o Tesouro por enquanto desconhecido, quase clandestino, a face perlada, o sorriso, eterna cenoura
de feitiços cor-de-prata?!

Não há clonagem capaz de fazer outra igual a ti! Fará Lisboa, S.Filipe, Ziguinchor, Pará ou Niamey, mas cidade como tu, nunca!
Terás uma mindelo, três assomadas, meia dúzia de sidneys,
uma vintena de mosteiros só para ti,
todos os bares de Pat Pong, e,
se o desejares,
farei de ti uma metrópole sem igual, longa, perversa, cheia de luz, a pedir sempre mais luz, como queria Goethe.
Transportarei para ti,
arrastado por uma esquadrilha de galeras de todas as cores,
erecto, cilíndrico e musculado fiorde,
que atravessará,
festivo e arrogante,
as artérias da ressuscitada Praia Negra,
e, então, cidade minha, só minha,
erguerei sobre o teu aveludado dorso
uma gigantesca bandeira com os dizeres seguintes:
Abram bem os ouvidos, poetas desta cidade!
Nunca digam que paraíso nenhum existe
ou que todos os paraísos são artificiais!

Se, por algum tosco Cláudio ou Napoleão,
à morte condenado for,
nada temas, amada minha, que farei como Arria:
"Praia, non dolet!".

Queres ser outra cidade, ter outro nome? Ser desavergonhada como Sun City?
Alguma vez desejaste ter outro esposo?
Não?! Já o adivinhava, minha cidade (só minha), cidade da Praia!